A união da Magistratura, o cumprimento da Constituição Federal, a luta para uma aposentadoria plena e a defesa da dignidade e da independência do Judiciário foram alguns pontos destacados na Carta dos Juízes do Trabalho Aposentados, documento que encerrou o 6º Encontro Nacional de Magistrados do Trabalho Aposentados, no dia 29 de setembro, aprovado por aclamação. O evento, que reuniu dezenas de juízes em Porto de Galinhas (PE), foi realizado pela ANAMATRA com a parceria da AMATRA 6 (PE).
Ao fazer um balanço do evento, o Presidente da ANAMATRA, Guilherme Feliciano, ressaltou que o Encontro revelou algo importante para a entidade que é o fato dos juízes aposentados conhecerem e reconhecerem a situação dos magistrados mais novos e os prejuízos que hoje experimentam com relação às garantias históricas da carreira, que são a paridade e a integralidade, bem como se dispõem a lutar para que isso seja superado. “Da mesma forma, é importantíssimo que os juízes mais novos se integrem na luta para que a condição dos juízes aposentados seja resgatada e para que cada vez mais a Magistratura possa ser una em todas as suas agruras, mas também em todas as suas conquistas. Estamos todos na mesma nau, que se chama Magistratura do Trabalho, e para onde nos leve esse rio, a foz será a mesma. Essa tem de ser a convicção comum”.
Na mesma linha, o diretor de Aposentados da ANAMATRA, Rodnei Doreto, falou da importância dos juízes do Trabalho aposentados se integrarem ao movimento associativo, bem como à vida institucional dos tribunais. “Temos a garantia da unidade da Magistratura, que decorre da vitaliciedade. As experiências dos aposentados têm de ser aproveitadas”, conclamou. Para Doreto, essa união beneficia juízes da ativa, aposentados, o Poder Judiciário como um todo e a própria sociedade. “Que possamos caminhar juntos em proveito de todos nós”.
“O encontro foi muito proveitoso em todos os aspectos: pela acolhida da AMATRA 6, pelo clima de congraçamento e, ao mesmo tempo, de luta e mobilização dos colegas aposentados”, ressaltou a diretora de Eventos e Convênios da ANAMATRA, Rosemeire Fernandes, lembrando os debates e deliberações importantes tomados no Encontro. “O evento soma para o futuro. Os colegas saem daqui já pensando no próximo Encontro, com amizades mais estreitas e um sentimento maior de unidade e pertencimento. São nesses momentos que construímos pontes e derrubamos muros”, pontuou.
Anfitrião do evento, o Presidente da AMATRA 6 (PE), Adelmy Acioli, ressaltou a importância do evento para a integração dos juízes do Trabalho aposentados de todo o Brasil. “Foi a reafirmação da ANAMATRA na luta pela paridade e pela integralidade entre juízes do Trabalho ativos e aposentados. O Conselho de Representantes votou simbolicamente uma resolução no sentido de que os assuntos afetos negativamente aos aposentados só poderem ser votados com quórum qualificado de 2/3. No mesmo sentido, segundo o Presidente, a AMATRA 6 (PE) se afirma no cenário nacional como uma entidade que também defende, com muita agarra, o interesse dos aposentados.
Confira a íntegra da carta:
CARTA DOS JUÍZES DO TRABALHO APOSENTADOS - 6º ENCONTRO NACIONAL DE MAGISTRADOS DO TRABALHO APOSENTADOS PORTO DE GALINHAS – IPOJUCA/PE
Os Juízes do Trabalho Aposentados, ao encerramento de seu 6º Encontro Nacional ocorrido nesta data, antecedido pelas reuniões da Diretoria e do Conselho de Representantes da ANAMATRA, reunidos em Porto de Galinhas/Ipojuca/PE:
1. Enfatizam seu mais empenhado compromisso com as lutas pela preservação da unidade da magistratura nacional e, assim, pelo integral restabelecimento de seus pressupostos fundamentais, consubstanciados na uniformidade de regimes previdenciário e remuneratório para todo o conjunto de magistrados, em exercício e jubilados, sem discriminações injustificáveis.
2. Reiteram sua firme convicção de que a Constituição da República, ao tempo em que contempla severíssimas vedações apenas aos Magistrados, mormente enquanto em exercício, assegura a todos o direito à integralidade e à paridade de proventos, como inarredável decorrência das garantias da vitaliciedade e da irredutibilidade de subsídios/proventos, instituídas exatamente para viabilizar a independência dos integrantes do Judiciário, em proveito da sociedade.
3. Pugnam pela coesão do conjunto dos magistrados trabalhistas e, notadamente, pelo esforço comum tendente a uma maior integração dos aposentados, vitalícios que também são, às vidas associativa e institucional nos tribunais, para que se possa haurir proveito de suas experiências em benefício coletivo.
4. Ressaltam a oportuna regulamentação, pelo Conselho de Representantes, às vésperas deste Encontro, de instrumento de proteção da minoria jubilada, aprovado pela assembleia geral ordinária no 18° CONAMAT, de Salvador/BA, consistente na observância do quórum qualificado de 2/3 para a aprovação de toda matéria que possa afetar negativamente interesses de aposentados, reconhecendo, na decisão, o elevado espírito democrático norteador da ANAMATRA.
5. Postulam que se façam cumprir efetivamente preceitos constitucionais, legais e regulamentares que asseguram prioridades de tratamento jurídico-administrativo, notadamente quanto ao recebimento de passivos, a portadores de graves enfermidades e de deficiências, bem como a idosos, especialmente os maiores de 80 anos, tudo nos termos da lei. Também pugnam por que se priorizem os recebimentos de passivos por aposentados, em atenção à isonomia corretamente entendida, consideradas as enormes perdas financeiras vivenciadas nos últimos anos, mormente pela deterioração do poder aquisitivo dos subsídios, única remuneração auferida.
6. Sugerem às AMATRAs que ainda não a implementaram, bem como propõem à ANAMATRA, a viabilização da inserção dos pensionistas de ex-associados em seus quadros associativos, quando menos para lhes propiciar importante assistência jurídica, especialmente considerada a redução dos valores das pensões decorrentes das reformas previdenciárias já ocorridas e de seu provável agravamento nas futuras. Propõem, mais, que, admitidos, exijam-se -lhes contribuições proporcionais que sejam aos valores percebidos como pensionistas, com restrições de direitos associativos limitadas ao necessário e razoável.
7. Reconhecem que iniciativas associativas e institucionais tendentes a aprimorar a preparação de magistrados para a aposentadoria e mesmo para mitigar eventuais impactos negativos da profunda alteração no modo de vida de quem se aposenta revelam-se extremamente necessárias, razão pela qual pedem que a ANAMATRA amplie sua atuação nesse sentido.
8. Aliam-se, incondicionalmente, aos colegas em exercício nas lutas da ANAMATRA em defesa da dignidade e da independência do Judiciário, notadamente trabalhista, nessa quadra em que, à evidência, são vilipendiadas, inclusive no contexto da integridade do Direito do Trabalho e de seus princípios, quando, em nome de uma pretensa "modernidade", retrocede-se em décadas, se não séculos, de históricas conquistas do Estado social.
9. Declaram-se solidários com os juízes do Trabalho que já se sujeitam ao regime de média (a partir de 2004) ou ao teto do RGPS (a partir de 10/2013), pela desproteção na aposentadoria, afastados que estão do regime de paridade/integralidade; e, nessa alheta, comprometem-se uma vez mais a cerrar fileiras, com os demais magistrados do Trabalho, para o restabelecimento dessas garantias. Da mesma forma, conclamam os juízes em atividade a que sigam apoiando os justos pleitos dos jubilados, para que a sua condição jurídica e econômica atual não seja ainda mais precarizada. Pedem, enfim, pela progressiva participação e integração de todos os juízes do Trabalho na luta pelos nossos propósitos e objetivos comuns. Somente assim a bandeira que desfraldamos - ATIVOS PARA UMA APOSENTADORIA PLENA - haverá de realizar-se, para os atuais e futuros juízes aposentados.
Porto de Galinhas/Ipojuca/PE, 29 de setembro de 2017
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* Texto produzido em parceria com a Ascom/AMATRA 6 (PE), publicado originalmente no site da ANAMATRA
Carta dos juízes do Trabalho aposentados reafirma importância da unidade da Magistratura nacional
Documento foi aprovado por aclamação no encerramento do 6º Encontro Nacional de Magistrados do Trabalho Aposentados